Até onde manter “a etiqueta” garante alguma “ética” nas relações, quando a roupa que custa uma fortuna na loja tem na etiqueta “made in China” (leia-se exploração de mão-de-obra barata…)? Regras de “boa convivência” baseadas na manutenção da desigualdade social, na exploração de povos discriminados, no “elevador de serviço”… vêm sendo sistematicamente chacoalhadas, provocando um inevitável mal-estar em quem diz que “o mundo tá muito chato” porque está vendo seus “esquemas bagunçados”, seus privilégios questionados, assim como suas “piadinhas criminosas” (racistas, machistas, homofóbicas…). Sabemos que “paz sem voz não é paz, é medo!” (O Rappa). No entanto, indo mais a fundo (e Plutão entra aí pra gente lembrar que o buraco…), qualquer coisa que possamos chamar de “beleza” e “harmonia” precisa dar conta, principalmente, dos “subterrâneos” de nós mesmos para haver Alma e inteireza nos processos… Sem isso, corre-se o risco de simplesmente trocar uma “etiqueta” pela outra e o que se tem são os “dois lados da mesma moeda”. Hoje é um ótimo dia para perceber esse movimento macro-micro, coletivo-pessoal; para exercitar a mudança de olhar, reajustar os focos e escolher pelos caminhos mais abertos e criativos, onde haja menos idealização e discurso inflamado de “um mundo melhor” e mais ideias solidárias em ação; onde o posicionamento de cada um dentro do coletivo seja realmente considerado. Por aí, pode haver mais respeito, organização e busca de legitimidade para que cada um/a possa se expressar no belo mosaico humano (nunca estático!) das diferenças e singularidades. Parece fácil, mas na experiência prática, o desafio ético mexe e remexe no caldeirão das entranhas e é exercício de uma vida…